Como Elaborar Esboços e Sermões
Os esboços de pregação não têm uma forma rígida. Podem variar muito, mas
aqui vão algumas dicas que podem servir como base para sua elaboração.A estrutura do esboço é a mesma da pregação. O esboço será então um roteiro
para o pregador não se perder durante a pregação, ou mesmo para não se esquecer
dos pontos mais importantes da mensagem. Em outras palavras, é um mapa com
alguns pontos de referência.Em resumo, o esboço PODERÁ ter:1- Tema da mensagem2- Texto base3- Introdução4- Tópico 15- Tópico 26- Tópico 3- Ilustração (?)7- Conclusão
Vamos analisar cada parte.
Tema da mensagem - É o titulo do assunto a ser tratado, ou o nome da mensagem.
Em alguns casos a gente fala o titulo na hora da pregação, outras vezes não é necessário.
Mas, no esboço a gente coloca. É bom para se ter um rumo determinado na
mensagem e também facilitar depois a escolha de um esboço entre muitos que a
gente tem guardado. Quem vai pregar deve ter claro o assunto que vai ser
tratado. Não basta escolher um versículo e subir ao púlpito. Isso pode ate
acontecer, e Deus pode usar, mas não deve ser a regra. Pode ser que o pregador
comece a falar sobre um assunto e dali mude para outro e para outro, e, no fim,
não passou nada de consistente. Então, vamos escolher um tema definido. Por
exemplo: "A vinda de Cristo ao mundo" é o titulo de uma mensagem
evangelística.
Texto base: Toda pregação precisa ter um texto bíblico como base. Este é o
fundamento que vai dar autoridade a toda a mensagem. Normalmente, o texto é
pequeno: 1 versículo ou 2, ou 3. Raramente se deve utilizar um capitulo todo.
Só quando o capitulo estiver todo relacionado ao mesmo assunto. Se eu for falar
sobre a oração do Pai Nosso, não preciso ler todo o capitulo 6 de Mateus. No
caso do nosso exemplo (A vinda de Cristo ao mundo), usaremos o texto de I
Timóteo 1.15:
"Fiel é esta palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao
mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal."
Introdução: É o início da pregação. Existem inúmeras maneiras de se começar uma
pregação. Por exemplo: "Nesta noite, eu gostaria de compartilhar com os
irmãos a respeito do assunto tal..." ou "No texto que acabamos de
ler, temos as palavras de Paulo a respeito da vinda de Cristo ao mundo."
Para muitas pessoas, a primeira frase é a mais difícil. Apesar de muitas
alternativas, o ideal é que a introdução seja algo que prenda logo
a atenção dos ouvintes, despertando-lhes o interesse para todo o restante da
mensagem. Pode-se então começar com uma ilustração, um relato interessante
sobre algo que esteja relacionado com o assunto da pregação. Um outro recurso
muito bom é começar com uma pergunta para o auditório, cuja resposta será dada
pelo pregador durante a mensagem. Se for uma pergunta interessante, a atenção
do povo esta garantida até o final da palestra. Voltando ao nosso exemplo,
poderíamos começar a mensagem perguntando: "Você sabe para que Jesus veio
ao mundo? Nossa mensagem desta noite pretende responder a essa pergunta tão
importante para todos nós."
Tópicos - Os tópicos são as divisões lógicas do assunto, ou a divisão mais
lógica possível. Por exemplo, se o titulo da minha mensagem for "O Maior
Problema da Humanidade", eu poderia ter os seguintes tópicos: 1- a
corrupção da humanidade; 2 - as conseqüências do pecado; 3 - a solução divina
para o homem. A divisão em três tópicos é aconselhável por ser um numero
pequeno, de modo que o povo tenha facilidade de acompanhar o raciocínio do
pregador, sem perder o fio da meada. Podemos ate mudar esse numero, mas o
resultado pode ser uma mensagem complexa. Os tópicos devem ser organizados numa
ordem que demonstre o desenvolvimento natural do tema, de modo que os ouvintes
vão sendo levados a compreender gradualmente o assunto até a conclusão.
Em algumas mensagens, os tópicos podem ser argumentos a favor de uma idéia que
se quer defender com o sermão. Será bom se eles estiverem organizados de
maneira que os mais interessantes ou mais importantes sejam deixados por
ultimo, de modo que, a mensagem vai se tornando cada vez mais significativa,
mais consistente e mais interessante a cada momento ate chegar à conclusão. Se
você usar seu melhor argumento logo no inicio, sua mensagem ficara fraca no
final.Em alguns casos, o próprio texto bíblico já tem sua própria divisão, que
usaremos para formar nossos tópicos. O texto de I Timóteo 1.15 é assim. Dele
tiramos os seguintes tópicos:
1 - Jesus veio ao mundo - Falar sobre a aceitação geral da vinda de Jesus.
Todos crêem que ele veio.
2 - Para salvar os pecadores - Falar sobre diversas idéias que as pessoas tem
sobre o objetivo da vinda de Cristo, e qual foi sua real missão.
3 - Dos quais eu sou o principal - Falar sobre a importância do reconhecimento
do pecador para que a obra de Cristo tenha eficácia em sua vida.
Um outro exemplo de divisão natural é João 3.16:
1 - Deus amou o mundo. Falar sobre o amor de forma geral e sobre o amor de
Deus.
2 - Deu o seu Filho Unigênito - O amor de Deus em ação. Deus não ficou na
teoria.
3 - Para que todo aquele que nele crê não pereça mas tenha a vida eterna - O
objetivo da ação de Deus.
Esse versículo é riquíssimo. Podemos elaborar varias mensagens dentro dele. É
importante prestarmos atenção a esse detalhe. Se, de repente, tivermos um
entendimento muito profundo de um versículo, é melhor que elaborar mais de um
sermão, do que tentar colocar tudo em um só, fazendo um sermão muito longo ou
complexo, principalmente quando o texto permitir vários ângulos de abordagem,
ou contiver mais de um assunto. Uma duração ideal para um sermão é trinta
minutos. Quarenta, só em casos especiais. Já um estudo bíblico pode durar uma
hora. Logicamente, o Espirito Santo pode
quebrar esses limites, mas creio que ele não faz isso com freqüência.
Ilustrações - Ilustrações são ditados, provérbios (não necessariamente os de
Salomão) ou pequenas histórias que exemplificam o assunto da mensagem ou
reforçam sua importância. Como alguém já disse, as ilustrações são as
"janelas" do sermão. Por elas entra a luz, que faz com que a mensagem
se torne mais clara, mais compreensível. Muitas vezes, os argumentos que usamos
podem ser difíceis, ou obscuros, mas, quando colocamos uma ilustração, tudo se
torna mais fácil para o ouvinte. Existem muitas historinhas por aí que não
aconteceram de fato e são usadas para ilustrar mensagens. Não há problema em
usá-las. Podem ser comparadas às parábolas bíblicas. Entretanto, é importante
que o pregador diga que aquilo é apenas uma ilustração. As ilustrações são
muito importantes, porque despertam o interesse dos ouvintes, eliminam as
distrações e ficam gravadas na memória. Pode ser que, na segunda-feira, os
irmãos não se lembrem de muita coisa do sermão de domingo, mas será bem mais
fácil lembrar das ilustrações, dos casos contados como exemplo, e, juntamente
com essa lembrança, será também lembrado um importante ensinamento. No exemplo
da mensagem de I Timóteo, poderíamos usar uma ilustração no tópico 3,
mencionando que um doente precisa reconhecer sua doença para ser curado, ou
contando um curta historia sobre um doente que reconheceu ou não sua doença.
Não é obrigatório o uso de ilustrações no sermão. Se não tiver nenhuma,
paciência. Às vezes, os próprios relatos bíblicos já ilustram muito
bem os assuntos que abordamos. Outro detalhe a se observar: não é bom usar
muitas ilustrações na mesma mensagem, pois a mesma perderia sua consistência e
seria mais uma coleção de contos. Como dissemos, ilustração é luz, e luz demais
pode ofuscar a visão.
Conclusão - A conclusão será o ápice da mensagem, o fechamento. Não basta fazer
como aquele pregador que disse: "Pronto! Terminei." A conclusão é a
idéia ou conjunto de idéias construídas a partir dos argumentos apresentados no
decorrer da mensagem. Nesse momento pode-se fazer uma rápida citação dos
tópicos, dando-lhes uma "amarração" final. Nessa parte, normalmente
se convida para o posicionamento dos ouvintes em relação ao tema. Ainda não é o
apelo. O pregador incentiva as pessoas a tomarem determinada decisão em relação
ao assunto pregado. Depois desse incentivo, dessa proposta, o assunto está
encerrado e pode-se fazer o apelo, se for o caso, e/ou uma oração final. No
caso do nosso exemplo (A vinda de Cristo ao mundo), poderíamos concluir
convidando os ouvintes a reconhecerem sua condição de pecadores, para que o
objetivo da primeira vinda de Cristo se concretize na vida de cada um. Para
fechar bem podemos encerrar dizendo que Cristo vira outra vez a este mundo para
buscar aqueles que tiverem se rendido ao evangelho.
O esboço deve ser o menor possível. Pode-se, por exemplo, usar uma frase para cada
parte. Pode haver determinado tópico representado por uma única palavra. O
esboço é o "esqueleto" da mensagem. Coloca-se o que for suficiente
para lembrar ao pregador o conteúdo de cada divisão. Se uma palavra ou uma
frase não forem suficientes, pode-se
colocar mais, mas com o cuidado de não se elaborar um esboço muito grande, de
modo que o pregador poderia ficar perdido no próprio esboço na hora de pregar.
Então, o recurso que deveria ser útil torna-se um problema. Opcionalmente, o
pregador pode fazer o esboço, bem pequeno e, em outro papel, fazer um resumo da
mensagem. No púlpito, só o esboço será usado. O destino do resumo será o
arquivamento. Em outra ocasião, quando o pregador for usar o mesmo sermão, o
resumo será muito útil. Se ele tiver
guardado apenas um esboço muito curto, este poderá não ser suficiente para
lembra-lo de todo o conteúdo de sua mensagem.
Eis aqui o esboço que construímos durante essa explicação:----------------------------------------------------------------------------
Introdução : Você sabe para quê Jesus Cristo veio ao mundo?
Tópico 1 - "Jesus veio ao mundo" - Falar sobre a aceitação geral da
vinda de Jesus. Todos crêem que ele veio (ate os ímpios).
Tópico 2 - "Para salvar os pecadores" - Falar sobre diversas idéias
que as pessoas tem sobre o objetivo da vinda de Cristo. Fundar uma religião?
Dar um golpe de estado? Ensinar uma nova filosofia de vida? Qual foi sua real
missão? Salvar os pecadores.
Tópico 3 - "Dos quais eu sou o principal" - Falar sobre a importância
do reconhecimento do pecador para que a obra de Cristo tenha eficácia em sua
vida. Ilustração: O doente precisa reconhecer sua doença.
Conclusão : Uma idéia clara sobre o objetivo da vinda de Cristo. Um
reconhecimento pessoal da condição de pecado. Aceitação de Cristo como
Salvador.
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Você poderá ler um pouco mais sobre essa mensagem de I Timóteo 1.15 no artigo
denominado "O Sentido do Natal".Veja que o titulo da mensagem pode se mudado de acordo com a ocasião e a
necessidade, mas o conteúdo é o mesmo.Bons estudos e boas mensagens!
APÊNDICE
A PREGAÇÃO
É aconselhável que o pregador faça um curso de oratória. Entretanto, mesmo
não se podendo fazê-lo, o talento e a prática podem desenvolver bastante as
habilidades de quem fala em público. A observação de outros pregadores, as
críticas construtivas dos ouvintes e algumas dicas de pessoas experientes no
assunto poderão ser muito úteis.
Vão aqui algumas considerações sobre a pregação:
1 - O domínio do assunto a ser falado é o princípio da segurança do orador.
Portanto, estude bem o assunto com antecedência.
2 - Ao falar, evite ficar andando de um lado para outro. Isso cansa as pessoas.
O orador pode andar mas não o tempo todo.
3 - Evite repetições excessivas de frases ou palavras. Por exemplo, algumas
pessoas falam o "né" no fim de cada frase. Isso cansa e desvia a
atenção de quem ouve.
4 - Para não se perder, use um esboço com algumas frases ou palavras que vão
ajudá-lo na seqüência da palestra ou pregação. Porém, não é aconselhável que se
escreva toda a mensagem para se ler na hora. Isso torna a palestra monótona.
Escreva apenas algumas frases norteadoras.
5 - Ao falar não fique olhando apenas em uma direção ou apenas para uma pessoa.
Procure ir dirigindo seu olhar para as várias pessoas no auditório.
6 - Falar corretamente é fundamental. Se houver algum problema nesse caso,
procure fazer um curso de língua portuguesa. Os termos chulos e as gírias não
são admitidos na pregação.
7 - O outro extremo também é problemático. Procure não utilizar palavras muito
difíceis, a não ser que esteja disposto a também explicar o significado. O uso
de termos complexos ou estrangeiros demonstra erudição do orador mas pode
inutilizar a mensagem se os ouvintes não forem capazes de compreendê-la.
8 - O uso de gestos é bom mas deve ser praticado com moderação e cuidado. Não
use gestos ofensivos. Não use gestos que não combinem com o assunto. Imagine
que alguém esteja falando sobre a ceia do Senhor e ao mesmo tempo pulando ou
batendo palmas. Não combina.
9 - O tom de voz também é importante. É bom que seja variado. Se você falar o
tempo todo com voz suave, o povo poderá dormir. Se você gritar o tempo todo,
talvez as pessoas não vão querer ouvi-lo novamente. O tom de voz deve
acompanhar o desenvolvimento do assunto, apresentando ênfase e volume nos
pontos mais importantes, nos apelos ou nas conclusões que se quer destacar. O
falar suave e o falar alto e enfático devem ocorrer alternadamente para não
cansar o ouvido do público.
10 - Em se tratando de sermões sobre temas bíblicos, é fundamental que o
pregador tenha orado antes de falar e que também esteja se consagrando ao
Senhor para falar com unção e autoridade.
11 - O nervosismo e a timidez devem ser tratados com a prática. O início é
mesmo difícil, mas com o tempo e a perseverança, a segurança vem. Não existe
outro caminho. Algumas pessoas aconselham a começar falando sozinho diante do
espelho para treinar. Não sei se isso resolve. O certo é que começar com uma platéia
pequena é mais aconselhável. O nervosismo será menor. Antes de falar no templo,
será melhor começar nos cultos domésticos.
12 - Outro detalhe importante é a duração da palestra. Se for um sermão em
igreja, o tempo deve ser de até 30 minutos. Se o assunto for maravilhoso e
envolvente, então pode até chegar aos 40 minutos. Estudos bíblicos podem durar
1 hora. Em acampamentos esse tempo pode até se estender um pouco mais. Não
existem regras para isso, mas apenas percepções práticas. Esses limites podem variar
dependendo do lugar, do propósito, do auditório, e de muitos outros fatores.
Mas, de forma geral, esses tempos sugeridos são razoáveis. Se quisermos ir
muito além, poderemos cansar muito o auditório e o que passar do limite não
será mais captado nem aproveitado pelos ouvintes.
por missionário Belo
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